quinta-feira, setembro 16

Primeiro


Invejo-te. Sigo com os olhos essa maneira de seres resultado de pincel. Percorro o caminho onde deixaste os passos de dança, onde volteias o romance desses ombros procurando carícia, uma de longe, de tanto, de toda uma tarde de sentidos perigando a pausa. Ordeno-me as lágrimas de te saber, das horas que te julguei impossível, dessa doutrina onde te lia inexistente. E subo as estrelas, rompo os dias de calma, desfaleço catedrais, desmaio-me em mármores terrenos ao te julgar real, a métrica da tua existência, o rumor soprado de mulher parietando-me o sono. Atinjo-me mortal nessa cadeia onde me agrides o íntimo. E deixo-me à inveja, no desgosto dessa posse que não tenho. No desejo mudo de te escrever singular.

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